segunda-feira, 14 de janeiro de 2008


Este espaço merece este FIM...



Lamento não te ter escrito durante tanto tempo.
Sinto que andei perdido...
...sem rota, nem bússola.
Estava sempre a esbarrar nas coisas, talvez por carolice.
Nunca me tinha sentido perdido.
Tu eras o meu verdadeiro Norte.
Quando tu eras o meu porto, sabia sempre voltar para casa.
Perdoa ter ficado tão zangado quando partiste.
Continuo a achar que foram cometidos alguns erros...
...e estou à espera que a vida os corrija.
Mas já ando melhor.
O trabalho ajuda-me.
Acima de tudo, tu ajudas-me.
Ontem apareceste-me num sonho, com aquele teu sorriso...
...que sempre me prendeu a ti...
...e me consolou.
Tudo que me lembro do sonho...
...foi uma sensação de paz.
Acordei com essa sensação...
...e tentei conservá-la tanto quanto me foi possível.
Escrevo para te dizer que estou a trabalhar para alcançar essa paz.
E para te dizer que lamento tantas coisas.
Lamento não ter tratado melhor de ti. ..
...para que não passasses minuto algum doente, com frio ou com medo. "
"Lamento não me ter esforçado mais...
...por te dizer aquilo que sentia.
Lamento nunca ter arranjado as portas do roupeiro.
Arranjei-as agora.
Lamento as discussões que tive contigo.
Lamento não te ter pedido mais vezes desculpa. . .
...por ser demasiado orgulhoso.
Lamento não ter elogiado...
...tudo aquilo que vestias e todos os teus penteados.
Lamento não te ter agarrado com tanta forca...
...que nada nem ninguém te pudesse arrancar de mim. "

" Com carinho, H "

sábado, 14 de julho de 2007

RE - TRATAMENTO

Quinta-feira, Julho 05, 2007

H2O

Com o requinte do século passado, deixei arder os vapores do ópio e do absinto. Não deixava de ser merda, mas de forma aristocrática, refinada.

Deixei que a banheira transbordasse, não como um descuido, mas porque me parecia bonito, naquela banheira de porcelana branca com uns pés rechonchudos, ali no meio do quarto, sobre um tapete vermelho escuro.

Sobre um banco tosco, deixei cair a toalha branca, com cheiro a sabão e lavada incansavelmente por mãos pagas com o meu dinheiro.

Tudo ali transmitia requinte, um momento de descontracção e bom gosto.

Um tabuleiro, coberto por um paninho de renda branca imaculada, era o suporte do meu copo… ao lado do guardanapo, lâminas, daquelas que já estão fora de moda… de barbear, finamente desenhadas no meio, eficazmente afiadas. Uma vez iniciada a sua utilização, não havia a mínimo rasgo de arrependimento. Eficácia implacável como a de um qualquer grande guerreiro asiático.

Mergulhei na banheira, a água transbordou um pouco mais, a ceder-me lugar. Puxei o tabuleiro para mim, o seu suporte eram os laterais da banheira branca e gordinha, brilhante, bem desenhada.

As lâminas encontraram apoio nos espaços das rendas do paninho de tabuleiro…

Por fim, só o vermelho escuro mais vivo denunciava ao tapete sobre o qual estava colocada a banheira do século passado os gestos dos últimos minutos.

O vermelho do tapete ficou embaraçado perante um vermelho tão cheio de vida, tão real.

A banheira branca sentiu-se inferiorizada por a sua cor ficar assim esquecida.

Só a água ficou feliz, por finalmente ganhar cor.


Publicada por at_chim em 10:10 PM

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Domingo, Julho 01, 2007




Sonho de Icaro


Ninguém sabe o que é amar, porque cada um ama como pode, como deve, como acha que deve amar, como gostaria de ser amado.

Sempre achei que o amor na sua maior expressão acontecia quando a ave mãe, consciente da perda, sem hesitar, empurrava com carinho mas com decisão também, o seu filhote para fora do ninho.

Não sei se eles se voltam a encontrar, mas sei que estão sempre presentes na vida um do outro, pois um é o que o outro lhe deu e vice versa.

Não sei se choram na despedida, não sei se tem noção de que assim estão a fazer com que a vida de cada um continue a acontecer.

Mas acredito que ao anoitecer, naquele chilrear maluco que se ouve por todo o lado, agradecem-se mutuamente o amor que prevalece, apesar da forma como aconteceu. Contam um ao outro como continua a acontecer o amor que os separou e marcam encontro para o proximo crepúsculo.


Publicada por at_chim em 4:31 PM

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Domingo, Junho 24, 2007

Uma vez perdi-me... era pequena, brincava com uma amiga no meio das dunas em Milfontes, e... perdi-me. De um momento para o outro, para o nde quer que olhasse só via areia. Daí a acreditar que me tinha perdido do mundo inteiro foram uns segundos.

Isto não deixa de acontecer nunca, é um ensaio para o resto da vida. O mundo inteiro esfrega as mãos, com um risinho diabólico e decide: Bora lá fazer com que ela acredite outra vez que se perdeu. Isto é giro! Depois é só cruzar os braços e esperar para ver as manobras que ela faz para encontrar o caminho de volta.

Sempre evitei pedir ajuda, a vergonha de me ter perdido não o permitia, só às vezes em sonhos consegui balbuciar: - Bolas, 'tou farta disto...alguém me ajude, por favor! Mas a vergonha que sentia ao acordar ai nda me isolava mais.

Também, isto trata-se de um jogo muito intimo entre mim e o mundo inteiro, não serviria de nada alguém tentar ajudar, nunca iriram perceber sequer que eu estava perdida. Assim, de maneira desajeitada, lá vou tentanto superar, encontrar o caminho de volta. O pior é que as hipoteses caminho de regresso são cada vez menores e mais assustadoras.

Sei que cada vez que encontro um caminho, os regressos vão-se esgotando...


Publicada por at_chim em 10:47 PM

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Segunda-feira, Junho 18, 2007

Um dia, quando for grande...

Um dia deixamos de usar este inicio de frase e fim de sonho infantil. Aos poucos, vamos colocando umas reticências antes: " ... quando for grande..."
A frase que tinha fim onde a nossa imaginação infantil mandava, deixa também de ter um principio. Acabamos por não saber onde a encaixar. Deixamos de a usar. Para ajudar, sabemos que um dia paramos de crescer, vai-se qualquer hipotese de sentido para os saltos altos escondidos na casa de banho perto do espelho, onde matinalmente experimentavamos a sensação de sermos maiores que o mundo que nos esperava lá fora. O melhor é esquecer os saltos, deixar os sapatos no esquecimento, limitarmo-nos aos da moda, sem corrermos o risco de sermos ridicularizados. Sim, mais vale usar uns sapatos da moda, em que ninguem repara, do que continuar a dizer: "Quando eu for grande..." e ser a risota geral, ser-se medido visualmente deixar que todos vejam que afinal ainda somos tão pequeninos...
Mas eu não quero fazer assim, eu quero continuar a acreditar que um dia, quando for grande...


Publicada por at_chim em 11:05 PM

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Quinta-feira, Junho 07, 2007


“ Existem na realidade numerosas medidas que visam aprisionar um homem naquilo que ele é, como se vivêssemos no medo constante de que ele possa fugir a isso, de que possa escapar-se e evadir-se subitamente da sua própria condição.” Sartre.
O medo constante de que os homens que nos rodeiam, por fim resolvam mostrar o que pretendem de nós: nada! O medo constante de tomar consciência da nossa ausência de importância, da nossa substituibilidade.
O medo de verificar que estamos ao nível na nossa playstation ou do passe vite das nossas avós. Ou o medo de verificar que não nos conseguimos formatar, que mais tarde ou mais cedo seremos descobertos, temidos e perseguidos, ou pior: ignorados.


Publicada por at_chim em 7:11 PM

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Sábado, Abril 28, 2007


"...Vou partir p'ra outro lugar..."

Corriam os anos oitenta, quando o António Variações cantou como quem chora aquilo que nos vai na alma em tantas ocasiões, por vezes numa vida inteira.

"Só estou bem, aonde eu não estou, porque eu só quero quem... quem eu nunca vi..."

Passamos uma vida a querer estar noutro lugar, a querer a pessoa que não temos.

Ao lado passam-nos os pormenores maravilhosos do lugar onde vivemos, as qualidades da pessoa que "temos".

No final da vida, achamos que não temos nada nem ninguém, que nos sentimos sós e ignorados.

Um dia adivinhamos que vamos partir para outro lugar e temos medo, lutamos para não partir, lamentamos o que não fizemos, o que não vimos, o que não amámos.

Assim se passam vidas, vidas inteiras, a calar a dor como quem se embriaga...

E no fim, não fica nada...


Publicada por at_chim em 11:38 PM

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Quinta-feira, Fevereiro 08, 2007

Uma manhã portolight


As ruas da cidade começam a receber aqueles que ja deixaram as suas casas a caminho dos seus empregos, saídos do metro, do autocarro, do carro que lhes deu boleia. Vêm como lufadas de ar fresco, misturando gente em correria com os que já moram na rua desde a madrugada: cauteleiros, seguranças, policias, empregados de cafés, distribuidores, taxistas.
Entre as pessoas que correm com um destino, como as formigas obreiras, vão também os pensionistas, os desempregados, os doentes com baixa psiquiátrica e até os empregados sem funções à espera da reforma antecipada.
Porém, não passa despercebido a ninguem o jornal que está pousado sobre o passeio, encostado às vitrines do banco ou da loja abandonada. Uns apanham-no, outros levam, com ar de quem já começou a trabalhar, uma meia dúzia deles, para distribuir pelos colegas, ou deixar na loja. Menos despercebido passa, quando ao lado do jornal, pessoas agasalhadas, enchouriçadas em casacos com t-shirt's coloridas por cima, distribuem brindes.
Nessas manhãs todos acabam de acordar antes de chegar ao destino, precisam saber de que se trata, estabelecer estratégias para fazer de conta que passaram por acaso, que não viram, que foram apanhados de surpresa, agradecer com um sorriso, aceitar e ficar a pensar a sorte que se teve logo pela manhã, ao receber um brinde...oferecido!!!... isto tudo sem parar a correria para a labuta...
Outros há, os que moram na rua, trabalham na rua, que não têm pressa, ou nem têm para onde ir. Esses usam as mais variadas estratégias...
Eis que passa a Maria Alzira, de casaco comprido, cinzento, as rugas a denunciarem a noite mal dormida, o cheiro a lexivia nas mãos, da limpeza que começou às quatro da manhã na repartição. Vê à sua frente uma barrinha de cereais, um nova embalagem, nem percebe muito bem o que é, talvez um chocolate. - Dê-me três, p'rós meus netinhos...
Passa de lancheira na mão, o Manuel canalizador, de ressaca depois de uma noite de bebedeira, que acabou com tareia na mulher e no filho. Vê uma garrafinha de Ice Tea a ser-lhe entregue, aceita, dá um ou dois passos em frente mas recua.- Olhe, dê-me mais um p'ró meu menino.
Parece ir para o trabalho, o Sr. Anselmo, de fato completo, gravata e colete, com ar ocupado e importante, mas vê que alguém recebeu um desodorizante e pára à espera de vez. Antes de receber o seu brinde já diz:- Dê-me uns vinte para as minhas colegas lá do escritório. Parte insatisfeito, pois só conseguiu dois. No entanto, já sabe que se der a volta, na próxima esquina poderá receber mais um ou dois, se ficar à espera que apareça muita gente para receber o brinde, pode até conseguir que lhe dêm mais um sem olhar para ele... quando chega ao final da manhã já terá conseguido os vinte desodorizantes.
Nessas manhãs, todos chegam ao trabalho com algo para contar, para experimentar e até para oferecer. Essa alegria, essa sensação de ser um dos escolhidos naquela acção de marketing prolonga-se até à noitinha, quando chegam a casa, beijam a mulher a quem bateram na noite anterior, sorriem para o filho a quem pontapearam e insultaram e oferecem em sinal de tréguas uma garrafinha de plástico reciclável com um novo sabor de chá gelado, com menos de 70% de açucar, metade das calorias e ainda por cima energético.


Publicada por at_chim em 4:37 PM

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Quinta-feira, Dezembro 21, 2006













Publicado por at_chim em 6:32 PM



Angústia para a ceia...



Existe uma ceia marcada, combinada com semanas de antecedência, entre pessoas que se vêm uma vez por ano, nesse mesmo dia de ceia.
Diz a tradição que se coma bacalhau, porque era a comida dos pobres, para que todos comam igual. Diz a tradição que se troquem prendas, sorrisos, abraços e esperança em dias melhores. Diz a tradição, que essa noite é uma noite fria, branca de preferência.
Diz a televisão nessa noite, que existe miséria, doença, tristeza e injustiça. Assim, deitamos os olhos para o prato, em busca de uma espinha que tenha conspirado estragar-nos a noite.
Dizia a tradição que todos saiam de casa para assistir à missa do Galo... A televisão diz que a essa hora podemos abrir as prendas.
Passam as badaladas, amachucamos os papéis e os laços, suspiramos por ser uma coisa muito mal feita no dia seguinte não haver recolha de lixo, fazemos o balanço e reparamos que não nos enganámos: oferecemos prendas caras e boas a quem tem muitas coisas boas e caras e oferecemos coisas que não aceitariamos a pessoas que têm poucas coisas, de fraca qualidade e baratas...
Tudo está bem quando acaba bem... pensamos, enquanto preparamos o molho para o perú do dia seguinte e nos lembramos que dizia a tradição que o perú era servido, por ser o maior animal de um quintal, a que até os mais pobres teriam acesso...




Publicada por at_chim em 6:04 PM

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Terça-feira, Outubro 24, 2006



Estou em contagem decrescente... em breve somarei vinte e um anos de maternidade!

Os melhores dias da minha vida foram os dois dias em que me tornei mãe. Os melhores dias de cada um que passa são os dias em que olho e sinto os meus filhos. A vida sem eles não teria sentido!

Lembro-me como se fosse hoje, daquele inicio de noite em que fui mãe pela primeira vez. O amor tinha um fruto e estava ali, dependia de mim para sobreviver. O resto da noite tive-o junto de mim e olhei-o até de manhã... A lua entrava pela enfermaria dentro, cheia, como uma grávida que se preze. Eu continuava grávida, o meu filho vivia já no mundo exterior, mas era de mim. A luz beijava-o assim como eu o beijo em cada minuto que passa.

"Mãe, tu és redonda, pois és?"




Publicada por at_chim em 6:26 PM

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Domingo, Outubro 01, 2006

Hoje acordei com o barulho do silêncio. Não encontrei ninguém, como se o mundo tivesse desertado durante a noite. Será que o mundo morreu? Ou terei sido eu?



Publicada por at_chim em 11:07 AM


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Domingo, Setembro 17, 2006




Aborto! Referendo de novo???

Uma vez mais os nossos politicos usam a arma de reserva: referendar a despenalização do aborto.

Mas alguém dúvida que as mulheres que tiveram que se sujeitar a tal medida não estão ainda penalizadas? É preciso referendar?

E alguém ainda acredita que a medida de despenalização da interrupção voluntária da gravidez vai mudar alguma coisa? Quem tem dinheiro para o fazer de forma segura vai continuar a faze-lo de forma segura, quem não tem vai fazer como dantes, não se vai sujeitar a ser humilhada nas nossas maternidades, como o são agora as mulheres obrigadas a faze-lo por motivos clínicos.

As jovens mulheres portuguesas vão continuar a ter médicos de familia que mais valia nem ter, que não lhes falam em planeamento familiar, que não têm preparação para lidar com o assunto ( como se fosse muito complicado!), os pais, esses, vão continuar a pensar que é melhor lutar para que seja a escola a falar do assunto, a escola vai achar que não tem nada que ver com o assunto ( e tem, pouco, mas tem).

Deixo uma sugestão: em vez de referendar a despenalização do aborto, porque não referendar mais e melhor politicas de saúde, referendar pais mais informados, referendar jovens mais apoiados e confiantes... enfim, uma mentalidade nova para todos os portugueses!

Que se despenalize o aborto sim, mas as mães destes nossos politicos deviam ser penalizadas por não os terem abortado!



Publicada por at_chim em 8:10 PM


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Domingo, Agosto 20, 2006


A bela "Galicia" ardia! Mas nem na adversidade deixou de ser bela...




















Playa de Silgar - Sanxenxo


































Isla de A Toxa - O Grove

Publicada por at_chim em 8:52 PM

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Segunda-feira, Agosto 07, 2006














Não digam nada que agora estou ocupada!

Publicada por at_chim em 9:59 PM



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Domingo, Julho 30, 2006


O silêncio sufoca-me nas manhãs do Porto, em oposição a noites barulhentas e agitadas.
Na cidade a noite não se fez para dormir. Na cidade a noite fez-se para enfrentar os medos, para dar largas às furías e às raivas, para realizar desejos escondidos e perversos.
Na cidade, à noite, os homens vestem-se de criaturas aldeãs, primárias, demónios da imaginação popular. As mulheres são feiticeiras, moiras encantadas, sereias que fazem perder a memória nos seus cânticos, nas suas carnes, no seu desejo por sexo gratuito e feroz. Amam-se como quem se mata e se consome, não deixando nada nos lugares visitados.
Pela manhã, fica o silêncio, as ruas limpas de lixo e de gente. Dormem todos os demónios, o sono que os iliba e purifica...até à noite, única certeza destas vidas que doem.




Publicada por at_chim em 12:08 PM


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Quarta-feira, Julho 26, 2006



Crise de Honra

Custa muito assumir esta realidade, mas... a honra passou de moda!
Tropeço todos os dias em ditos por não ditos, em "afinal não é bem assim, como combinámos..." "eu sei que tinha dito que seria assim, mas pensando melhor vai ser assado..."
Cresci sem dinheiro, sem riquezas, mas de cabeça erguida. Ensinaram-me a pedir por favor e a dizer muito obrigada, a pedir licença, a dizer bom dia, boa tarde e boa noite, a dizer adeus, até à proxima, muito gosto em conhece-lo (a)... Acima de tudo ensinaram-me que quando não podemos contar com nada, quando não temos nada, podemos dar sempre a nossa honra como garantia, para isso devia agir sempre em conformidade, com respeito, para valorizar a "minha honra".
Lembro-me de ter perguntado à minha irmã o que queria dizer com "Palavra de honra!", ela explicou que isso queria dizer que ela não mentia, porque se mentisse deixava de merecer a confiança dos outros, não merecendo a confiança dos outros ficaria sozinha, nunca poderia ter a ajuda de ninguém.
Acreditei.
Acreditei e vivi honrando esse ensinamento, até que o acumulado de mentiras soterrou definitivamente a minha confiança pelas pessoas.
No dia em que deixei de acreditar nas pessoas a minha vida tornou-se um acto isolado, entregue a mim própria. Sobreviver será dificil, mas não impossível, porque comigo ainda posso contar, mesmo não tendo valor para mais ninguém, para mim a minha "palavra de honra" é a minha maior riqueza.

PS: Qualquer semelhança entre esta ética pessoal e qualquer principio religioso será uma mera coincidência!


Publicada por at_chim em 7:36 PM


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Sexta-feira, Abril 28, 2006


Onde andam os cravos?

Este 25 de Abril não vi cravos de cor nenhuma. Cruzei-me com algumas margaridas, malmequeres... cravos não...
O Primeiro Ministro está preocupado com o aumento da esperança de vida e com a falência da Segurança Social que não vai permitir pagar as magras pensões a que quem trabalha e paga para isso deveria ter direito.
Por outro lado, soube que os administradores do BCP ganham 60 mil contos... ( neste caso os deputados nem falam em euros para não escandalizar mais), enquanto que os do BPI ganham 10 mil... uma injustiça!
As regras de atribuição do Súbsidio de Desemprego também vão ser alteradas...
Mas cheira-me a que os senhores administradores não vão ser afectados com a medida, nem as suas familias.
A esperança de vida aumentou, é verdade, mas a 200 kms de Lisboa, uma mulher com menos de 50 anos, que se esvai em sangue há cerca de dois meses, depois de esperar um mês por uma ecografia, tem direito a uma consulta em que o médico olha para o exame e lhe diz: - Isto tem aqui qualquer coisa, mas é da idade.
Andam por ai a tomar medidas para minimizar os danos?


Publicada por at_chim em 9:13 AM


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Quinta-feira, Abril 20, 2006

A Bia cuidava das suas flores. Não passava um dia em que não olhasse por elas, sempre atenta. Sempre que eu a visitava, mesmo sabendo da minha fraca aptência para flores mostrava-mas uma a uma.
Era o seu orgulho... aquelas flores...
Agora são as flores quem cuida da Bia...

O Xico era o homem mais rico do mundo. Quando tinha os filhos e os netos juntos de si dizia-os com o olhar brilhante de orgulho: Sou u número Um o Mais rico!
Agora o Xico é o número um... da primeira secção, desde o primeiro dia do ano de 2005.



Publicada por at_chim em 3:09 PM


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Quarta-feira, Abril 12, 2006



Magnólia

"Nós podemos cortar com o passado, mas o passado não corta connosco"



Publicada por at_chim em 10:44 AM


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Segunda-feira, Abril 03, 2006


Estigma de desempregado...

Cruzei-me com um homem no piso destinado à formação no Centro de Emprego. Tinha um postal na mão, e esperava sem saber o quê, nem porquê... apenas lhe tinham dito para esperar.
Desabafou, com lágrimas nos olhos e os olhos postos no postal, que chegar aqui é como chegar ao hospital, estamos nas mãos deles. Emocionou-me aquele homem de ar duro com lágrimas nos olhos... enquanto o ouvi dizer... "agora tenho que recomeçar do zero... e você?".
Eu... pensei que nem vale a pena começar do zero, se começar talvez seja do menos mil... se começar...
Ninguém me ensinou a viver mais do que quarenta anos, agora eu teria chegado a uma altura em que começava a tirar partido de uma vida de trabalho e investimento... que partido? Que vida?
Talvez a solução passe por morrer e nascer de novo... Pois pegar nas pontas que ficaram soltas para trás não é possível, o tempo transformou-as em arame farpado electrificado.


Publicada por at_chim em 9:39 AM


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Sexta-feira, Março 31, 2006


Fim do dilema das tangerinas


Antes, eu comia uma tangerina, se um gomo não soubesse bem, continuava e comia todos até ao fim da fruta, na esperança de encontrar um que tivesse "aquele gostinho"...
Hoje, aos quarenta, provo uma tangerina e se um gomo não sabe bem desisto da fruta!


Publicada por at_chim em 2:39 PM


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Quinta-feira, Setembro 22, 2005
Publicada por at_chim em 3:35 AM


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Quarta-feira, Julho 20, 2005


Talvez já tenha descoberto como publicar um post... ou talvez não.

Mas arrisco a escrever que as noites no Porto são longas. A humidade cola-se ao corpo, as gaivotas não respeitam o cansaço. Estão em permanente azafama, em permanente grasnar, para elas não existe repouso, apenas sobrevivência a todo o custo cruzando o céu da cidade como quem rasga a noite.

Ontem li que vai ser enviado esperma de porco para o espaço... Imaginem as consequências que isto pode ter... Desde a possibilidade do referido esperma fecundar um satélite e dai advir uma espécie de suíno espacial , até a coisa não dar em nada e num lindo dia estar um pacato cidadão do mundo a passear e cair-lhe em cima, não um cagalhoto de pardalito, mas um balde de esperma de porco.
Uma coisa é certa, os Marretas foram premonitórios com a sua série Pigs in Space... ou terá sido o contrário? Será que a NASA se inspirou nos Marretas? Mistério insolúvel...
Uma das justificações que deram para proporcionar tal honra a um porco foi que a anatomia deste animal é muito semelhante à do homem. Deve ser uma mulher a chefiar o grupo de trabalho, de certezinha.

Publicada por at_chim em 2:46 AM